Sociograma e Matriz Sociométrica

 
A sociometria

A sociometria é uma técnica de avaliação das relações grupais com origem em Jacob Levi Moreno (1889 – 1974), que estuda os grupos sociais a partir das atracções e rejeições manifestados no seio de um grupo (santos, Aragão, Amaral, & Mascarenhas, 2001).
Assim torna-se uma ferramenta de grande utilidade, sendo usada há muito tempo no ensino para conhecer a natureza da turma enquanto grupo e as características individuais dos alunos, no que respeita a aspectos de relacionamento, integração, sociabilidade, etc.
Este também pode ser usado em grupos terapêuticos, grupos de trabalho ou na indústria por exemplo (idem).
Um dos temas mais abordados em sociometria tem sido o desenvolvimento de procedimentos para classificar as crianças em grupos sociométricos de acordo com a natureza e dimensão das relações interpessoais com o grupo de pares (Sociograma, s.d).
Toda a investigação sobre as relações interpessoais com o grupo de pares aponta para a existência de duas categorias distintas: os aceites e os não aceites (idem).
Relativamente ao grupo dos aceites, cuja aceitação pode ser claramente traduzida por índices elevados de impacto social e de uma positiva preferência social, parece não haver dúvidas que estas crianças manifestam ser mais competentes nas suas relações interpessoais do que as crianças não aceites (Sociograma, s.d).
Quanto ao grupo dos não aceites, houve a necessidade, devido à heterogeneidade das crianças que experienciam relações interpessoais pobres, de definir algumas características. Assim, podemos distinguir diferentes subcategorias: os rejeitados, os negligenciados e os controversos (idem).
Os rejeitados apresentam índices baixos de preferência social e elevado impacto social e não recolhem agrado junto dos pares. Estas crianças tendem a exibir elevados níveis de agressividade e de comportamentos disruptivos nos contextos de grupo, sendo vistas como menos competentes socialmente, menos atraentes e mais vezes colocadas fora das actividades de grupo (Sociograma, s.d).
Os negligenciados apresentam índices negativos de preferência social e baixo impacto social, podendo ser considerados como o grupo dos «rejeitados passivos», cuja presença é indiferente para o grupo de pares (idem).
Estas crianças tendem a exibir problemas de comportamento internalizados, tais como medo, ansiedade e isolamento, têm dificuldade em ter amigos e tendem a ser ignorados pelo grupo de pares, embora não despertem necessariamente antipatia Segundo estes mesmos autores, este grupo de crianças não demonstra de uma forma geral tentativas de aproximação com os pares e despende maior período de tempo em situações de solidão. É de salientar ainda que estas mesmas crianças sentem dificuldades em travar conversa com grupos de desconhecidos, mesmo em actividades de «brincadeira» e são frequentemente referenciadas pelos seus colegas como tímidas e menos envolvidas socialmente (Sociograma, s.d).
Os controversos apresentam um elevado impacto social e moderada preferência social, despertando em simultâneo no grupo de pares sentimentos opostos: a estima e a indesejabilidade (idem).
Esta oposição de sentimentos permite caracterizar este grupo como tendo uma surpreendente valência «flutuante» nas relações interpessoais com o grupo de pares.
O comportamento do grupo dos controversos é tido como imprevisível, envolvendo-se com os pares em duas vertentes distintas: prossocial e anti-social (Sociograma, s.d).
Esta dissonância na interacção com o grupo de pares, do grupo controverso, constitui um ponto de referência para os investigadores no sentido de não se limitarem a classificar as relação sociais em contextos limitados. Embora se possa assumir que o grupo dos controversos é simplesmente menos previsível que os outros no seu comportamento (idem).

Como realizar o sociograma

O Teste sociométrico consiste em pedir, a todos os membros de um grupo, que designem, entre os companheiros, aqueles com quem desejariam encontrar-se numa actividade bem determinada. Pode-se pedir-lhes igualmente que designem aqueles com quem preferiam não se encontrar (santos, Aragão, Amaral, & Mascarenhas, 2001).
Este exercício permite compreender a posição social de cada elemento do grupo. As preferências emitidas repartem-se muito desigualmente entre todos: a maior parte recebe algumas, dois ou três privilegiados monopolizam o restante, outros ficam isolados, sem preferências. Acontece o mesmo com os rejeitados. Na maioria dos casos, uma grande percentagem de rejeições concentra-se sobre alguns indivíduos, a restante reparte-se sobre um número maior de indivíduos e os outros membros, mais ou menos numerosos conforme o grupo, nada recebem (Sociograma, s.d).
Os dados recolhidos através das perguntas permitem construir a Matriz sociométrica, esta permite registar as escolhas e calcular os indices sociométricos.
Posteriormente é construído o sociograma, este, é uma representação gráfica das relações, é um diagrama que permite explorar graficamente a posição que ocupa cada individuo dentro do grupo, assim como todas as interações estabelecidas entre os diversos individuos (Sociograma, s.d).
O sociograma de forma grafica permite identificar gráficamente as configurações grupais, que podem ser:
O membro isolado, este é “Uma pessoa isolada (sem mutualidades) que pode indicar um conflito grave, uma vez que nos informa de sua provável posição nos grupos em que interactua. Há um dado adicional que é o número total positivo, negativo e neutro. Se apesar de não ter mutualidades, esta pessoa recebe um número considerável de sinais positivos, isto nos indica que melhorando a sua capacidade télica, melhorará significativamente a sua posição, pois existe uma oferta positiva potencial. Se o que predomina é o número total negativo, torna-se inútil a sua permanência no grupo, porque muito tempo seria gasto para rectificar a sua situação grupal. Não, se deve expor essa pessoa a uma mera mudança de grupo, já que poderia sentir o perigo de um novo "fracasso" na sua tentativa de integração. Outro factor que se deve considerar é o grau de percepção que a pessoa tem de sua situação. Se apesar da falta de mutualidades ela tem consciência das eleições dos outros, ou seja, se o seu índice télico é maior que o relacional directo (ver grelha do teste perceptual), como ocorre com uma pessoa de características esquizóides, esta situação indicará também que tem possibilidades maiores do que aquela que tem escassa percepção dos sinais dos outros, como ocorre com um psicótico (idem).
O par é a mínima configuração social e dá-se quando dois membros do grupo estão unidos entre si através do mesmo sinal e não têm outras ligações. No entanto, é diferente se o sinal for positivo, negativo ou neutro, uma vez que, nestes dois últimos casos, temos membros isolados no grupo e portanto incluídos no exposto anteriormente. No caso de existir um par com sinal positivo, e estando estas pessoas isoladas do resto do grupo, elas representam um núcleo defensivo, criando entre si um código de comunicação particular. Ocorre a criação de códigos próprios, inteligíveis para o resto do grupo, ocultam informação recíproca. Se o par tem características de cristalização como estrutura defensiva, desaparece a relação por critérios, voltando ao nível regressivo básico, de relações sem critério específico (Sociograma, s.d).
Neste caso, ambos se elegem recíproca e previamente ao estabelecimento do critério, representando uma muralha contra o medo, a perda e o isolamento. Seus papéis começam a funcionar em suplementariedade, como se fosse uma só pessoa, que é a base da simbiose (idem).
No entanto, como ocorre sempre, aquele que num momento depende positivamente, numa segunda instância terá acentuado o temor que queria evitar, uma vez que essa relação única, como fonte de segurança, é extremamente precária. Nestas circunstâncias, o par tem dois caminhos: abrir-se em forma de triângulo (aceitação de um terceiro por parte de ambos) ou de cadeia (aceitação do outro  a partir de um deles) (Sociograma, s.d).
Esta segunda alternativa é geralmente vivida como uma traição de um dos membros, o qual sente a quebra da simbiose como um abandono (idem).
O triângulo ocorre quando o par quebra a sua vinculação a partir da aceitação de um terceiro por parte de ambos os membros da relação, configura-se um triângulo. Esta mutualidade de três pessoas, com o mesmo sinal, representa a quebra menos dolorosa da simbiose, pois ambos participam activamente na abertura (Sociograma, s.d).
Ainda assim os três vínculos são directos, portanto o controle e o temor à perda continuam fortes. O movimento de qualquer um deles ameaça os outros dois. Para evitar a ansiedade e poder diminuir o controle desgastante aparecem "pactos" de não tratar certos temas ou criam uma frente única, com "acordos" prévios de decisões. Estes acordos são racionalizados como "respeito" à intimidade ou são oposição a outros que ameaçam o triângulo (idem).
A relação "interna" do triângulo é diferente da que tem com o grupo. Para eles, enquanto configuração total, o grupo é a ameaça e se comporta como unidade: são os "três" e o "o grupo". Por isso conduzem-se como uma pessoa que enfrenta por ciúmes ou rivalidade a outra, representada pelo grupo todo. No entanto, o maior problema apresenta-se, quando começamos a examinar a estrutura dinâmica "interna" do triângulo. Os sentimentos negados e projectados sobre o vínculo grupal aparecem como parte dos três entre si. A "fidelidade" protegia-os contra si mesmos (Sociograma, s.d).
Quando se quebra a qualidade defensiva do triângulo, aparecem sentimentos de receio e estranheza de cada um dos três membros. Desaparece o pacto, surge a realidade. Com o surgir do quarto membro aparece o círculo. A passagem de uma estrutura mais defensiva para uma mais aberta e madura geralmente é difícil para os componentes do triângulo. As intervenções do terapeuta são ataques ciumentos que ameaçam a "grande amizade" (idem).
Quando um deles começa a ter insight para modificar o vínculo, os outros dois vão em seu auxílio” (Sociograma, s.d).
O circulo é a configuração típica de uma boa coesão grupal. Os membros não necessitam um vínculo, através de mutualidades directas, para manter o vínculo dinâmico (idem).
Aqui a relação conserva-se sem a necessidade de um controle directo: há maior mobilidade entre os vínculos estabelecidos. No triângulo e no par, o vínculo dependente é maior e o temor à perda cria a necessidade de controle do outro. O quarto membro em relação recíproca, criando a possibilidade de relação indirecta, dá possibilidade ao grupo de ter a sua dinâmica máxima. Apesar de, formalmente, a presença de duas pessoas poder configurar um grupo, não o podemos considerar deste modo enquanto grupo terapêutico, pois nem o par, nem o triângulo, sendo estruturas fechadas, dão lugar ao mínimo movimento dinâmico, indispensável a um grupo terapêutico, no qual existem diversas possibilidades de relação (Sociograma, s.d).
Em geral, pode-se considerar que quanto maior for o número de círculos e triângulos que se formam num grupo, maior será a coesão grupal. Desse modo, posição sociométrica óptima também será de quem se encontra em uma configuração circular: proporcional ao número de círculos, nos quais uma pessoa se encontra (idem).
Estas configurações se diagrama, considerando as mutualidades positivas e não as negativas ou neutras, que são desenhadas no sociograma com cores diferentes (Sociograma, s.d).
É importante observar se as mutualidades negativas estão dirigidas somente para uma pessoa. Em geral isto nos indica uma deposição maciça dos vínculos a partir de um mau manejo da agressividade. Esta pessoa pode ser a estrela sociométrica, uma vez que, não esqueçamos, só se considera o número total de mutualidades de qualquer sinal: se este for o caso, defronta-se com uma situação de crise, na qual, o maior núcleo do grupo estaria centrado na pessoa na qual se deposita a agressão (idem).
Uma distribuição mais uniforme das mutualidades negativas indica uma dinâmica mais madura (Sociograma, s.d).
As mutualidades de sinal neutro em geral são menos numerosas, especialmente em grupos com mais tempo de funcionamento. É importante que o grupo compreenda que o sinal neutro é simplesmente a ambivalência que não permite uma decisão entre dois sinais activos. Algumas vezes isto não é compreendido e então se pensa em indiferença como a "pior rejeição"; geralmente ao ler as razões da eleição pode-se esclarecer este problema. Aparecem como sinal neutro razões como "não perco tempo para considerá-lo" ou "não lhe dou importância" (idem).
O outro gráfico do sociograma corresponde às incongruências, ou seja, as não mutualidades. São simplesmente assinaladas com as cores eleitas que se encontram na metade do caminho (Sociograma, s.d).
A mutualidade única hierarquizada ocorre nas estruturas institucionais do tipo piramidal, na qual um  chefe não está em relação com seus subordinados, mas, sim, através de um intermediário, acontece ter-se uma configuração sociométrica chamada Aristóteles, isto é, mutualidade hierarquizada (idem).

O sociograma permite desta forma:

- Identificar interacções grupais:
. líderes informais
. Isolados
. Avaliar a eficácia de intervenções nas interacções grupais (antes e depois de..)
. Avaliar a “intensidade” com que cada aluno é escolhido
. Mutualidades: escolhe e é escolhido (um individuo isolado ou rejeitado não tem mutualidades) =
. A estrela sociométrica, não é a que tem maior n.º de eleições positivas, mas sim a que tem maior n.º de mutualidades: numa análise, algo simplista, podemos afirmar que esse elemento se aproxima de quem está receptivo; afasta-se de quem o rejeita e  ignora quem também o ignora a si. 

Bibliografia:
santos, A., Aragão, D., Amaral, É., & Mascarenhas, J. (12 de 2001). GRUPOS E SUAS TERAPIAS. Obtido em 08 de 06 de 2010, de ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM: http://www.angelfire.com/planet/enioamaral/PSICOLOGIA2.htm

Sociograma. (s.d). Obtido em 08 de 06 de 2010, de clientes.netvisao.pt/dossjoaq/.../a1socio.htm






Este foi um exercício proposto pela professora, que consiste na construção de uma matriz sociométrica e num sociograma tendo como base uma matriz de escolhas 


 Matriz de Escolhas


Matriz Sociométrica



Sociograma